Marcélia de Souza Cartaxo é uma atriz brasileira. Atriz versátil, no cinema teve destaque no filme A Hora da Estrela, baseado no romance de Clarice Lispector, que lhe rendeu vários prêmios, inclusive Urso de Prata no Festival de Berlim, e como uma prostituta, no filme Madame Satã. Nos tempos de adolescência, Marcélia fugia de casa, na pacata Cajazeiras, para ensaiar às escuras, no quintal de amigos. Sua trupe era a "Turma do Mickey", composta por uma dúzia de crianças que encenavam um repertório dos mais convencionais; Sonhava em montar Chapeuzinho Vermelho e dublar As Frenéticas. Uma vez por ano, a turma ia para João Pessoa, que para a turma era sua Hollywood. A mãe de Marcélia foi quem menos gostou da idéia de ver a filha virar atriz. Para ela, atriz se tornava prostituta e ator era vagabundo. De nada adiantaram as repreensões da mãe, Marcélia pegava as moedas que os fiéis depositavam no Santo Antônio de sua cidade e ia correndo para o cinema, sonhar com Greta Garbo e Marilyn Monroe. Chegou um dia a dizer que o santo devia ter achado um bom investimento, porque nunca a descobriram. E pensava: "Um dia lhe pago, meu santo." No começo da década de 80, o grupo de Marcélia resolveu montar Beiço de estrada, um texto original de Eliezer Filho, único universitário da equipe. Viajaram pelo Brasil todo, como parte do "Projeto Mambembão". Quando a montagem chegou a São Paulo, Marcélia encontrou a chance de sua vida: da platéia a cineasta Suzana Amaral observava o jeito tímido e forte daquela menina. A partir daí a toma impulso a carreira da atriz. Na semana em que viajou a Berlim para receber uma premiação por seu papel em A Hora da Estrela, a atriz foi fisicamente agredida por uma alemão anti-semita dentro de um ônibus, que justificou sua agressão por achar que Marcélia fosse judia.